quarta-feira, 24 de março de 2010

Quando um sonho ultrapassa a noite

Sonhamos. Todos os dias. Seja enquanto dormimos, ou enquanto nos dirigimos àquele trabalho que só nos massacra, ou àquela aula chata da qual não dependemos profissionalmente. Sonhamos em ficar ricos, famosos e em possuirmos a maior beleza do mundo. Sonhamos também com igualdade, paz e amor. Sonhamos com nossos próprios sonhos. Eu por exemplo, durante a noite sonho com palavras, minhas amantes.

Certa vez sonhei acordado. Não da maneira convencional, mas sim de um modo alucinado. Apesar de ter certeza de que estava bem desperto, navegando pela internet, minha cabeça doía e por vezes eu a deitava no teclado do computador, e ali fechava os olhos.

Quando os abria escrevia um pouco. E novamente voltava a minha mente para as sombras confortáveis do sono.

E acordava.
E escrevia.
E sonhava.

Assim foi por muitas horas, pois a febre que me acometera naquela noite solitária me impedira de dormir, tampouco de permanecer desperto. Fiquei preso no limiar entre a consciência e a ilusão. Entre a verdade e fantasia. Numa terra de sonhos.

E como todo bom homem americano eu fui explorar essa terra. E nela encontrei coisas magníficas que tentei contar ao mundo, porém, dois dias depois minha febre passara, a segunda-feira chegara e com ela a vida comum.

E os sonhos?

Bem, devo admitir que desses eu tive de esquecer por um tempo, pois precisava urgentemente me dedicar a outras coisas. E digo que valeu a pena. Viver sonhando é essencial, porém é realmente complicado viver por eles.

Porém, mesmo tendo esquecido aquelas noites febris de loucura doentia, jamais as abandonei completamente. Dentro de mim o sabor daquela terra estranha manteve-se vivo, e hoje, depois de muitos meses consegui voltar a relatar o que havia começado.

Tantas vezes tentei voltar àquele quarto escuro no qual deixei o homem parado, sozinho. Sozinho?

Mas percebo e entendo que eu simplesmente deveria esperar pelo momento, cedo ou tarde ele chegaria, fosse a cavalo, num momento triunfal, ou de metrô, numa versão urbana das alucinações que tenho ao escrever.

Bem, o momento chegou! E tudo foi tão intenso, que decidi criar um blog para que Três Quartos pudesse ter seu próprio espaço. Pois afinal, segredos de uma terra distante merecem um espaço único.

O homem estava no quarto. Um reino de papel e imaginação.

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